Metamorfose. Daniel Roy. Uma metamorfose singular

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1 Metamorfose Daniel Roy Uma metamorfose singular No terceiro ensaio de sua teoria sexual, intitulada As metamorfoses da puberdade 1, Freud formula claramente que a transformação da puberdade se apoia na vida sexual 2, o que, em sua perspectiva, indica precisamente que a metamorfose concerne à pulsão sexual. Essa metamorfose faz a pulsão passar de um modo infantil a um modo definitivo 3. Freud vai se dedicar a caracterizar essa mudança unicamente de acordo com uma lógica dedutível da atuação das pulsões, estando em segundo plano a questão de saber como o indivíduo que é suporte dessas pulsões se encontra afetado por elas. Uma mudança de corpo A mudança de corpo é uma mudança de objeto: anteriormente auto-erótica, a pulsão concerne somente o próprio corpo, ou ao menos certas zonas; a partir de agora, ela encontra o objeto sexual 4, ou seja, um outro corpo. Como essa mudança é possível e o que está em jogo? Pois compreendemos que entramos com Freud em uma zona de risco: uma das tarefas implícitas na escolha do objeto consiste em não se desencontrar do sexo oposto 5. É como a travessia de um túnel perfurado desde ambas as extremidades 6 : corremos o risco de que as duas vias não se encontrem... Essas duas vias correspondem àquilo que Freud denomina corrente de ternura e corrente sensual. Veremos que, nessa lógica, não há verdadeiramente saída possível do túnel e que Freud esbarra em dois impasses. O primeiro diz respeito à corrente sensual. Efetivamente, no ensaio precedente sobre a sexualidade infantil, Freud esclareceu que a princípio, a pulsão sexual infantil não mostra nenhuma necessidade 7 de um objeto sexual. Seu objeto sendo indiferente, cada pulsão parcial busca sua satisfação: para fazê-lo, ainda que possamos isolar as zonas erógenas, qualquer parte do corpo serve. Mas o Lustgewin, o ganho de prazer que é o produto dessa operação, se apresenta a partir de agora como um possível obstáculo para a corrente sensual na descoberta de objeto, quando já na vida infantil, a zona erógena em questão ou a pulsão parcial correspondente haja contribuído numa medida incomum para a obtenção de prazer 8. Assim, nada na pulsão predispõe a uma mudança de corpo, a não ser para encontrar aí um objeto para sua satisfação: é a abertura às vias perversas do desejo. Mas Freud indica uma outra via concernente à escolha de objeto : com frequência ou regularmente, já na infância se efetua uma escolha objetal como a que mostramos ser característica da fase de desenvolvimento da puberdade, ou seja, o conjunto das aspirações sexuais orienta-se para uma única pessoa, na qual elas pretendem alcançar seus objetivos. Na infância, portanto, essa é a maior aproximação possível da forma definitiva assumida pela vida sexual depois da puberdade 9. É a via do amor, da Verbiebheit, endereçado à mãe ou a um de seus substitutos, que recolha assim nas antigas aspirações sexuais, [ ], (as) pulsões parciais infantis 10 : é a corrente de ternura que comporta em si 1 SIGMUND, F (1905). Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Volume VII. Rio de Janeiro: Imago, P Tradução Jayme Salomão. Nessa edição em português, utilizou-se o subtítulo As transformações da puberdade Idem, p Idem, p Idem, p Idem, p Idem, p.189

2 o que resta da primitiva eflorescência infantil da sexualidade 11. Novo impasse então na via da corrente de ternura: O encontro do objeto é, na verdade, um reencontro 12 do primeiro objeto de amor e é precisamente a isso que o sujeito deve renunciar na puberdade! Freud o formula sem ambiguidade: A escolha de objeto da época da puberdade tem de renunciar aos objetos infantis e recomeçar como uma corrente sensual 13. Mas nós acabamos de ver que essa via estava igualmente semeada de emboscadas, que resultam da lógica das pulsões parciais. O exame do texto freudiano nos leva assim a concluir por uma impossível convergência da corrente de ternura e da corrente sensual, do amor e do desejo, sobre um mesmo objeto. Essa convergência se mantém apenas como um dos ideais da vida sexual 14, que assume valor de obstáculo para a nova escolha de objeto, para a mudança de corpo que ela implica, ou seja, o encontro com o Outro sexo. É necessário, entretanto, nos perguntarmos porque Freud se manteve nessa contradição e para tanto fazer uma outra leitura de sua introdução ao subcapítulo O encontro do objeto 15. É nessa passagem, com efeito, que ele dá destaque a um tempo no qual a pulsão sexual tinha um objeto fora do corpo próprio, no seio materno 16. É um tempo anterior à qualquer representação, uma primavera da vida, um tempo para esses primeiros e mais importantes de todos os vínculos sexuais 17. Mas não nos enganemos diante disso, esse tempo anterior ao autoerotismo das pulsões parciais constitui o objeto da mais primitiva satisfação sexual 18 como radicalmente perdido. O amor se concebe então como aquilo que ao mesmo tempo vem ocultar e indicar essa perda. Devemos, então, deduzir disso que é essa perda, já definitiva, que estará novamente em questão no momento da puberdade, quando o encontro do objeto é de fato o encontro com o Outro sexo, tanto para o menino como para a menina. A puberdade deve, então, ser compreendida como o tempo de uma redescoberta dessa dimensão da perda no cerne da satisfação: não há outra saída para que se opere uma mudança de corpo, segundo a lógica da pulsão. É isso que iremos examinar agora. Uma mudança de satisfação A mudança de satisfação é uma mudança de objetivo: anteriormente um certo prazer acompanhava a satisfação de cada pulsão, independendo umas das outras 19, e não estava isento de um certo desprazer, um sentimento de tensão 20 ; a partir de agora um novo prazer faz sua aparição, em sua totalidade, é um prazer de satisfação 21. Esse novo prazer é obtido por meio do precedente, que atua, assim, como um prêmio de incentivo 22 : sua estrutura é equivalente, nos diz Freud, àquela produzida pelo Witz. Esse novo prazer é acompanhado por uma queda da tensão, ou bem uma perda: nós temos aqui uma outra perspectiva do caráter definitivo da mudança introduzida pela puberdade. Nada há de automático nesse processo, ao contrário, trata-se do encontro com um gozo (porque esse é o nome lacaniano do prazer de satisfação ) que inclui a perda. Eis aqui o que permite sair do dilema freudiano em torno do par excitação/satisfação: na infância, a satisfação da pulsão tem como efeito uma excitação sexual ; a partir de agora, a excitação sexual pode ser posta a serviço de uma outra satisfação. Freud toma o exemplo dos atrativos que apresentam para o olho o objeto sexual: o bom encontro, na acepção da pulsão parcial, se transforma em desprazer se ela não encontra uma saída no novo modo de satisfação. Diríamos, assim, de bom grado, que é a existência mesma de um novo modo de satisfação que introduz o desprazer no cerne da pulsão, aqui da Schaulust. Se a criança empresta de boa vontade seu corpo à satisfação da pulsão escópica, na alternância entre ver e ser vista, nessa ocasião não sem excitação sexual, doravante o surgimento da vergonha ou da angústia, Idem, p Idem, p Idem, p Idem, p Idem, p Idem, p.199

3 os embaraços com a imagem do corpo vêm assinalar a introdução no dispositivo da dimensão da castração, com a tomada de posição do sujeito em relação à ela. Uma mudança de órgão Uma conclusão inequívoca 23 se impõe então ao sujeito: a excitação é uma preparação ao ato sexual. É um saber novo e a questão é agora saber se o sujeito consente a se deixar determinar por ele. Esse ponto esclarece a famosa ignorância das crianças a respeito do ato sexual: não se trata de uma falta de conhecimento, tese rapidamente desmentida pela menor investigação junto às crianças contemporâneas, mas da ausência de inscrição nesse novo saber, que implica consequências. Mas como se introduz esse saber novo? Tudo gira em torno de um órgão que é o pivô de todas essas mudanças e que se trata agora de definir com Freud. Ele caracteriza o momento da puberdade pela aparição de um aparelho altamente complexo, à espera do momento em que será utilizado 24. Se ele não negligencia as contribuições da ciência de seu tempo no nível anatômico e fisiológico, em particular o que ele denomina a teoria química, isto é, os primórdios da descoberta do papel dos hormônios na puberdade, é especialmente para evidenciar a possível congruência com sua teoria da libido 25. Nós compreendemos então que um aparelho [...] à espera do momento em que será utilizado não deve ser identificado aos órgãos genitais que acabaram de sofrer sua transformação púbere: é a libido que constitui o novo órgão, o novo aparelhamento do corpo no momento da puberdade. Essa conclusão é surpreendente: a libido já não está lá muito antes do momento da puberdade, como a energia a indexar toda a maquinaria pulsional elaborada por Freud? Certamente, isso é inegável. Mas a novidade que introduz Freud é a seguinte: é a libido, e apenas a libido, que permite, no momento da puberdade, a repartição entre os sexos. Nesse momento, é preciso seguir Freud passo a passo. Com efeito, há nesse ensaio uma tese forte: se nos situamos de acordo com lógica da pulsão, a atividade auto-erótica das zonas erógenas é idêntica em ambos os sexos, e essa conformidade suprime na infância a possibilidade de uma diferenciação sexual como a que se estabelece depois da puberdade 26. É nessa linha que se encontra a passagem que deu lugar às múltiplas reações nos alunos de Freud: a sexualidade das meninas tem um caráter inteiramente masculino 27. Numerosos comentadores lamentaram que Freud, ao contrário do que ele mesmo anunciou, não tenha integrado no corpo de seus Três ensaios seu artigo de 1923 A organização genital infantil 28, no qual propõe que a característica principal dessa organização genital infantil é sua diferença da organização final do adulto, que seria para ambos os sexos, entrar em consideração apenas um órgão genital, ou seja, o masculino 29. O desejo implícito deles é manifestamente de propor um estado fálico como elo perdido na passagem da sexualidade infantil à sexualidade adulta. Ao contrário, nós lemos esse esquecimento de Freud como o testemunho de que ele não sucumbe às tentações do desenvolvimento, ao preço algumas vezes de enunciados que podem parecer contraditórios. O que ele estabelece claramente é que, na infância, é o falo que indica a direção, tanto no menino quanto na menina (cf as zonas dominantes, p.208): o que caracteriza o infantil é que o falo é aí o órgão pivô. É precisamente o paradoxo da puberdade em Freud: a puberdade é o momento no qual o sujeito tem que se haver com a libido sem o socorro do falo. Se o falo bem indica a direção a seguir, nem por isso ele pode ser o veículo que permite prosseguir o caminho, com o risco de gerar um certo número de dificuldades na identificação a seu próprio sexo e no exercício da função sexual. Se Freud desenvolve as consequências deste paradoxo para a menina nas páginas 208 e 209, somos levados a considerar a lógica do paradoxo para os dois sexos. 23 Idem, p Idem, p Idem, p Idem, p Idem, p SIGMUND, F (1923). A organização genital infantil. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Volume XIX. Rio de Janeiro: Imago, 2006, p.158. pp Idem, p.158

4 O menino e a menina Essa lógica é aquela do Witz, do Witz da libido que se constrói a partir da lógica do falo, mas que dela difere radicalmente. Relembremos seu mecanismo: um prazer preliminar é destinado a liberar um prazer maior pela supressão de inibições internas. Mas não se pode esquecer que esse prazer maior é, inicialmente, um novo modo de satisfação, um gozo que introduz qualquer coisa de definitivo na vida sexual e que necessita que as pulsões parciais não reivindiquem para elas mesmas o ganho de prazer. Um dos maiores obstáculos a esse processo será que o falo não cede sobre seu primado infantil: - Para o menino, a dificuldade provém de que é sobre o órgão fálico que deve operar-se a passagem da representação de uma perda, consequentemente imaginária, a uma perda ligada ao novo modo de satisfação. Essa passagem se equivale a uma negativização do órgão fálico e corresponde para o sujeito ao momento no qual ele é confrontado à responsabilidade desse órgão fora do corpo que é a libido sem o suporte do legado fálico. Concebemos assim o valor de obstáculo que constitui para a vida sexual, de um lado, todo investimento narcísico do falo ou do próprio corpo e, de outro, toda fixação auto erótica, ou seja, masturbatória, ao órgão. A outra consequência trata das relações com o outro sexo: permanecer fixado ao primado do falo para repartir os sexos condena o menino à depreciação das mulheres, o horror 30 ; engajar-se na via aberta pela nova satisfação faz correr o risco de um aumento da superestimação sexual [...] face à mulher que se recusa e renega sua sexualidade. Mas não nos enganemos, a provação não é da mesma ordem: de um lado, impossibilidade do encontro e distúrbios da potência sexual; de outro, risco do encontro, sem outra garantia que a tomada de posição de um outro sujeito quanto ao seu próprio sexo, o que tampouco acontece sem dificuldade. - Para a menina, ou seja, sobre a difícil questão de saber como a menina se torna uma mulher, seguiremos as indicações de Freud neste ensaio e a lógica anteriormente descoberta. Nessa linha, precisamos concluir que se realmente existe uma mudança de órgão para a menina, essa não é a passagem de uma sexualidade clitoridiana a uma sexualidade vaginal, mas a passagem de uma sexualidade fálica, eventualmente fixada sobre a excitação clitoridiana, a uma sexualidade sem o falo. Nessa passagem, aí onde Freud falava para o menino de uma ofensiva da libido, para a menina ele evoca um recalque. A dificuldade dessa passagem para a menina é que esse recalque da sexualidade clitoridiana pode provocar em seguida uma negativa da sexualidade, ou seja, uma recusa da libido como novo órgão para repartir a escolha do sexo. Esse perigo é aumentado pelo fator evocado acima, a saber que, devido a essa denegação, a menina adquire valor fálico para o menino. Ela recupera por ali, por intermeio de seu próprio corpo ou daquele de duplos imaginários, o investimento fálico ao qual ela renunciou. O aviso, geralmente mal compreendido, de que a libido é sempre masculina, indica nesse caso preciso que, para a menina, é ao consentir que a libido tome uma parte ativa, que a libido seja o órgão agente dessa passagem, que uma transferência pode se completar do clitóris [...] para partes femininas vizinhas 31. Se não podemos ir mais longe a partir deste texto, não esqueçamos que Freud conclui seu artigo de 1931 Sexualidade Feminina pela seguinte constatação: a existência de tendências libidinais com objetivos passivos, contém em si mesma o restante de nosso problema 32. Ele indica aqui um outro tipo de defesa contra a feminilidade ligado ao momento no qual a menina se torna mulher: confrontada à libido sem o recurso do primado do falo, a menina reencontra as moções libidinais passivas, dirigidas para a mãe, das quais depende, segundo Freud, a intensidade de um Penisneid primário endereçado à mãe. 30 Idem, p SIGMUND, F (1905). Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Volume VII. Rio de Janeiro: Imago, 2006, p.209. pp Tradução Jayme Salomão. 32 SIGMUND, F (1931). Sexualidade Feminina. In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Volume XXI. Rio de Janeiro: Imago, 2006, p.248. pp Tradução Jayme Salomão.

5 Uma mudança de autoridade Uma outra metamorfose constitui a questão no momento da puberdade: se os laços com a família (seriam) os únicos que eram decisivos na infância 33, trata-se agora da consumação de uma das realizações psíquicas mais significativas, porém também mais dolorosas, do período da puberdade: o desligamento da autoridade dos pais 34. Essas duas citações permitem situar a exigência de ruptura radical com o tempo da infância, ruptura que frequentemente não é realizada. Do que se trata? Freud nos dá aqui uma definição precisa da posição infantil: a infância é o tempo no qual tudo o que concerne à pulsão sexual cai sob a autoridade dos pais. É uma das formulações possíveis do complexo de Édipo. Isto significa que qualquer que seja o novo que se introduz durante a infância, os diferentes desmames, os diversos investimentos pulsionais, esse novo será sempre referido à autoridade dos pais, o que inclui também a possibilidade de transgredi-la. Mas, seja na aceitação ou na recusa, a dimensão de perda inerente a toda mudança será imputada aos pais, depositada na conta deles. É o abandono dessa posição, necessária no tempo da infância, que o sujeito é intimado a efetuar. Como isso é possível? A afirmação que faz Freud que A afeição infantil pelos pais é sem dúvida o mais importante, embora não o único, dos vestígios que, reavivados na puberdade, apontam o caminho para a escolha do objeto 35, evoca com efeito mais um processo de continuidade do que de ruptura. Não nos esqueçamos, entretanto, de que a introdução de um novo modo de satisfação deixa o sujeito, a partir de agora, sem garantia em uma escolha de objeto que inclui a dimensão do Outro sexo. É preciso então nos determos com Freud sobre o estatuto dos vestígios que ele evoca nessa última citação. Esses vestígios são representações: é na [esfera da] representação que se consuma inicialmente a escolha do objeto e a vida sexual do jovem em processo de amadurecimento não dispõe de outro espaço que não o das fantasias, ou seja, o das representações não destinadas a concretizar-se 36. É assim pelas fantasias ( o despertar de seus sonhos, dirá Lacan em sua introdução à peça de Wedekind O despertar da primavera) que o sujeito pode mensurar as consequências do novo modo de satisfação. De qual maneira? É preciso se deter sobre as características dessas fantasias, sobre as quais Freud nos diz: se distinguem por sua ocorrência generalizada e sua considerável independência do que foi vivenciado pelo indivíduo 37. O que há então de universal nessas fantasias? Fantasias de escutar as relações sexuais dos pais, da sedução pelas pessoas amadas, da ameaça da castração [...] as fantasias do ventre materno, cujo conteúdo é a permanência nele e mesmo as vivências que ali se teria, e o chamado romance familiar [...] 38, elas são todas centradas sobre um irrepresentável, que faz furo nas representações de autoridade dos pais. Enquanto tais, elas tentam evitar essa falta na representação, essa falta no saber, e é precisamente ao superá-las, ou seja, ao se avançar nessa zona onde o saber falta, que o sujeito pode se desligar da autoridade dos pais. Não há outra responsabilidade que a sexual será a fórmula que Lacan nos dará para condensar esse longo trajeto realizado com Freud. Nada aqui que seja específico de uma psicologia do adolescente, mas sobretudo um desafio que poucos sujeitos consentem sustentar. O Witz: uma terceira via? Falar de terceira via é dizer que ali existem duas outras. Nós as cruzamos ao seguir o texto freudiano, mas nós iremos caracterizá-las por duas figuras emblemáticas: o cavaleiro branco e o dealer. O cavaleiro branco é o falo, significante do desejo. O desejo não é uma palavra vã: o sujeito é convocado a sustentá-lo a cada vez em que se encontra engajado em um ato, seja no qual ele é agente, seja quando ele é tomado pelos efeitos de um ato colocado por outro sujeito. O que o cavaleiro branco diz ao sujeito é que a cada vez que seu desejo é convocado, isso vale alguma coisa, isso tem um valor, é aferido no Outro. Mas, porém, é uma promessa sem garantia, sempre ameaçada de uma possível Versagung. É isso a crise da adolescência, quando o sujeito, porque um novo modo de gozo aparece, percebe que há uma ruptura de promessa. O cavaleiro branco prometeu, mas de 33 SIGMUND, F (1905). Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade... p Idem, p Idem, p Idem, p Idem, p Idem, p.214

6 fato, não há garantia. De um lado, é realmente por isso que não é fácil sair do tempo da infância, e de outro, se o psicanalista se encontra solicitado nesse tempo, não é o caso de representar o papel do cavaleiro branco do desejo. O dealer é a fantasia. Ele é também dominado pelas condições do significante, pelas condições do mercado do desejo, mas ele as utiliza para outros fins: ele diz ao sujeito que ele tem o que é preciso para seu desejo, e que além disso, ele terá um gozo imediato. Ele não está mal colocado para lhe dizer, porque ela, a fantasia, sabe quais são os elementos significantes que se distinguem especialmente para o sujeito, em sua singularidade, para introduzí-lo na ordem do amor. E nós vimos que ao se confrontar com isso, o sujeito, na provação da puberdade, tinha a chance de encontrar uma medida para um não saber radical sobre o sexual. O analista não protesta contra aquilo que diz ou faz a fantasia, mesmo que ele não ignore suas possíveis derivas em curto-circuito do desejo. A terceira via do Witz não exclui, então, a referência ao falo como significante do desejo nem às condições de amor sustentadas pela fantasia. Ela é apenas aquilo que permite dar um passo a mais no momento no qual amor e desejo, em nome de suas condições infantis, não se sustentam face à emergência de uma nova satisfação. E, precisamente, essa nova satisfação não pode ser recebida pelo sujeito, a não ser pela estrutura do Witz. Nós vimos o mecanismo: o prazer preliminar, proveniente das pulsões parciais, se coloca a serviço de uma nova satisfação. Mas é necessário igualmente precisar a economia paradoxal disso: se há, como no Witz, economia de gasto psíquico e obtenção de um novo ganho de prazer, não é menos verdade que esse gozo será recebido pelo sujeito como perda definitiva. Esse efeito de gozo-sentido novo, esse passo de gozo-sentido tem a mesma estrutura que o sem sentido do qual Lacan indexa o chiste, em seu seminário As formações do inconsciente: esse efeito não é produto de uma metáfora, de uma substituição de uma satisfação por outra, mas introdução, de maneira metonímica, do valor como tal disso que em razão do significante, não consegue ser significado 39. Daí a necessidade da terceira pessoa, do Outro que ratifica essa nova mensagem, mesmo que ela escape ao código prévio. J.-A. Miller nos relembra em seu seminário em Barcelona Introdução ao seminário V de Lacan, que A estrutura da tirada espirituosa teria de nos ensinar, ainda que seja difícil dizer desta maneira, algo como as técnicas do novo, pois essa estrutura do Witz é a produção de uma distância, mas que se completa pelo seu reconhecimento dado pelo Outro. Mas nem tudo consiste em desconcertar o Outro, é preciso ainda obter seu consentimento 40. O momento da puberdade, concebido a partir do Witz, convoca um Outro que já não está lá, dizendo propriamente, um Outro que não existe : é o tempo, não episódio no desenvolvimento, mas tempo lógico, no qual o sujeito pode aprender a prescindir do Nome-do- Pai [...] com a condição de nos servimos dele 41. Há aí um nó estrutural que dá conta de toda a eflorescência sintomática, na subjetividade dos ditos adolescentes e no social, onde se trata tanto de desconcertar o Outro como de buscar desesperadamente seu consentimento. O psicanalista não está mal colocado, não para encarnar esse Outro, mas para lembrar em tempo oportuno que não existe Witz sem uma terceira pessoa para reconhecê-lo: posição distanciada de todo cinismo, apenas apta a opor-se aos curtos-circuitos do ato ao qual um gozo inédito convoca o sujeito. Tradução e Revisão Bruna Simões Albuquerque Lisley Braun Toniolo 39 LACAN, J ( ). O Seminário livro 5. As formações do inconsciente. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1999, p MILLER, J.-A. Perspectivas do Seminário 5 de Lacan. Rio de Janeiro, Zahar, 1999, p LACAN, J ( ). O Seminário livro 23. O sinthoma. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2007, p.132.

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